segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A terceira forma de amar

Poucas pessoas no mundo sabem – eu mesma só aprendi ontem, mas existe uma terceira forma de amar. Uma forma que não a amizade, que não o romance, uma forma que leva um pouco destas duas coisas, mas que não é, necessariamente, nenhuma delas. 

A terceira forma de amar gosta do toque, mas na falta dele sobrevive por cartas. Ela não exige sexo, mas também não proíbe. Ela não pode ser entendida por todos, nem vivida por muitos. Não no mundo atual, com suas certezas erradas e preconceitos atrasados. 

A terceira forma de amar também tem regras, sempre baseadas no mútuo querer: não leva amarras, não impõe grades, abre sorrisos, enxuga lágrimas, tem a ver com cheiros, gostos, perfumes, poesia... Tem a ver com a sensação de um dedo num lábio (que escorre para o queixo e volta para o contorno das pálpebras).

A terceira forma de amar não quer o delírio que cega e deprime, mas não rejeita o leve voo da consciência. Para entendê-la é preciso ter real prazer no prazer alheio. É preciso saber amar. É preciso saber gozar. 

Ela tem a ver com a música e com os músicos. Tem a ver com as letras e com quem escreve. Tem a ver com quem possui a sensibilidade de perder um pedaço da vida tentando expressar algo – porque só perde tempo com isso quem tem consciência do valor que a vida tem, da sua e da dos outros. 

A terceira forma de amar é o infinito. E o infinito – explicou-me há muito meu pai – é algo que não tem fim. E o que não tem fim não cabe em qualquer lugar, só em cabeças e corações muito grandes... 

É para isso que temos trabalhado, em prol da expansão das cabeças e dos corações.

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